Fisiculturista é condenado a mais de 20 anos por matar companheira a socos e pontapés em Goiás
O fisiculturista Igor Porto Galvão, de 32 anos, foi condenado a 20 anos e 6 meses de prisão em regime fechado pelo assassinato brutal de sua companheira, Marcela Luise de Souza Ferreira, em Aparecida de Goiânia. A sentença foi proferida nesta quinta-feira (26) pelo Tribunal do Júri local. O crime, que chocou a cidade em 2024, foi classificado como feminicídio com qualificadoras de motivo fútil, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.
Segundo o Ministério Público de Goiás, Igor espancou Marcela com chutes, socos e múltiplas agressões dentro de casa. Em seguida, teria tentado ocultar o crime levando a vítima desacordada ao hospital e alegando que ela havia caído durante a faxina. A mulher faleceu dez dias depois, vítima de traumatismo craniano e múltiplas fraturas, inclusive em oito costelas.
Sentença dura com agravantes
Durante a leitura da sentença, o juiz Leonardo Fleury destacou que a vítima foi deixada sem socorro adequado, mesmo em estado crítico, e que o acusado usou sua força física de maneira covarde. Também foi considerado o impacto da perda para a filha do casal, que agora crescerá sem a presença da mãe. Por isso, a pena recebeu acréscimos pelas agravantes, sendo reduzida apenas em seis meses por confissão parcial do réu.
“A vítima foi submetida a um verdadeiro processo de tortura física e psicológica dentro do próprio lar. Isso evidencia um padrão de violência doméstica contínua, típico do feminicídio”, afirmou o magistrado.
Defesa promete recorrer
O advogado Marcelo Celestino Soares, que representa Igor, afirmou que vai recorrer da decisão, alegando que a condenação foi contrária às provas dos autos. Apesar disso, Igor não poderá recorrer em liberdade.
Vídeos e denúncias revelaram a verdade
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que Igor chega ao hospital carregando Marcela desfalecida nos braços. À equipe médica, ele afirmou que a esposa teria escorregado e sofrido uma queda, versão desmontada pelas evidências periciais e relatos de violência contínua.
A denúncia revelou um histórico de agressões físicas, verbais e psicológicas durante os nove anos de relacionamento. Vizinhos e familiares também relataram ameaças e manipulações, inclusive com tentativas de afastar Marcela da filha do casal.
Quem é Igor Porto Galvão
Natural de Anápolis, Igor se apresentava nas redes sociais como fisiculturista, nutricionista e educador físico. Levava uma vida de aparente sucesso nas redes, enquanto escondia o abuso dentro de casa. A mudança para Aparecida de Goiânia ocorreu em 2021, e desde então, os episódios de violência se intensificaram, segundo o MP.
“O feminicídio de Marcela expõe a face cruel da violência silenciosa que muitas mulheres enfrentam. A condenação de Igor é um passo importante para que casos assim não fiquem impunes”, destacou uma promotora que acompanhou o caso.
A família de Marcela não quis se pronunciar após a sentença, mas amigos próximos comemoraram a justiça feita.
A pena de 20 anos e seis meses deverá ser cumprida em regime fechado, sem possibilidade de recorrer em liberdade. O caso segue como símbolo da luta contra a violência doméstica e feminicídio em Goiás.
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