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Goiás vai liberar mosquitos com bactéria que bloqueia transmissão da dengue, zika e chikungunya

Uma estratégia inovadora no combate às arboviroses começa a ser implantada em Goiás. Os municípios de Luziânia e Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, se preparam para receber, a partir da primeira quinzena de agosto, mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, capazes de impedir a transmissão dos vírus da dengue, da zika e da chikungunya.

A ação integra o método conhecido como Wolbachia, já aplicado em outras regiões do Brasil com resultados positivos. Segundo a empresa responsável pela operação, Wolbito do Brasil, os chamados Wolbitos são mosquitos que carregam naturalmente a bactéria, que bloqueia o desenvolvimento dos vírus no organismo do inseto, tornando-o inofensivo para a transmissão das doenças.

“Ao cruzarem com os mosquitos locais, esses Wolbitos passam a bactéria adiante, e ao longo do tempo, a população de Aedes aegypti na cidade passa a ser majoritariamente incapaz de transmitir os vírus”, explica a empresa.

Por que Luziânia e Valparaíso?

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), a escolha dos municípios foi baseada no alto número de casos e mortes por arboviroses e na proximidade com o entreposto logístico, localizado em Brasília. Os mosquitos são criados em uma biofábrica no Paraná, e o transporte dos lotes até os pontos de soltura precisa ser rápido para manter a eficácia da operação.

Atualmente, Goiás já contabiliza mais de 123 mil casos de dengue em 2025, com 72 mil confirmações e 53 óbitos. Outros 79 casos estão sob investigação. A expectativa é que os efeitos positivos comecem a aparecer na primeira sazonalidade após o início do programa.

“Não é um efeito imediato. É uma solução de médio a longo prazo, mas com grande potencial de impacto”, afirma Flúvia Amorim, subsecretária de Vigilância em Saúde da SES-GO.

Como funciona o método Wolbachia?

A estratégia é dividida em seis etapas:

  1. Planejamento e análise técnica
  2. Criação dos mosquitos com Wolbachia
  3. Campanhas educativas nas comunidades
  4. Liberação gradual dos Wolbitos
  5. Monitoramento da disseminação da bactéria
  6. Análise epidemiológica pós-implantação

A soltura acontece semanalmente em pontos estratégicos. A bactéria Wolbachia é comum na natureza — presente em cerca de 60% dos insetos — mas não ocorre naturalmente no Aedes aegypti. Ela foi introduzida em ovos do mosquito na Austrália e, a partir disso, foi transferida para uma linhagem adaptada ao Brasil.

Importante destacar que os mosquitos não são geneticamente modificados. Trata-se de um método natural, seguro e autossustentável, sem riscos ao meio ambiente ou à população.

Resultados já obtidos em outras cidades

Em locais como Niterói (RJ), onde a estratégia foi implementada pela primeira vez no Brasil, os números impressionam:

  • Redução de 70% nos casos de dengue
  • 60% a menos de chikungunya
  • Queda de 40% nos registros de zika

Com a aplicação em Goiás, a expectativa é que a tecnologia ajude a conter o avanço das arboviroses e salve vidas, principalmente em áreas com alta incidência e risco de surtos.

As prefeituras de Luziânia e Valparaíso deverão, nos próximos dias, intensificar ações educativas para preparar a população para a chegada dos Wolbitos. A operação será acompanhada de perto por equipes técnicas da SES e da empresa responsável.

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